Rogo encarecidamente aos leitores que violem a discriminadora, androfóbica e muito provavelmente feminista, Maria Pessoa. Não se trata de violência, satisfação sexual ou um misto dos dois, trata-se de serviço público.
É assustador acordar num mundo onde alguém que julga “a diferença entre violação e sexo assim-assim” ser “pouca e muitas vezes nenhuma” está em liberdade, viva e pode publicar num jornal. Se penso que devia ser presa, assassinada ou silenciada? Imagine-se que a autora se dava ao trabalho de aferir como a maioria absoluta das vítimas de violação são homens forçados por homossexuais; Muito provavelmente o seu contracto cessaria sob pressão dos LGBT e os demais pasquins manginas jornais culturais fechar-lhe-iam as portas. Se a autora fosse um gajo, o supracitado lobby garantiria sua detenção, agressão, violação, morte.
Mera androfobia ou desejo de levantar movimentos radicais persecutórios? Falta de picha honestidade intelectual ou parte de uma conspiração internacional votada a garantir a extinção do Ocidente? A preconceituosa autora julga ainda que as mulheres “não (têm) os mecanismos biológicos para (se) protegere(m) de uma agressão”. É discriminatório: metade da população nacional não consegue fisionómicamente evitar o abuso do seu próprio corpo e por essa razão deve ser alvo de diferentes e especiais cuidados. Insinua que a prevaricada pode-o ter sido sem saber – é preciso que esta Pessoa e respectiva vanguarda esclarecida determinem, em lugar da própria, da ocorrência de violação. Sozinha, uma mulher “acha que não é uma vítima”, mas de facto, “não o quer ser”, não consegue determinar um consentimento antecedente; Pode ter pensado que sim, mas na verdade não o fez. É que sabem, as mulheres são muito estúpidas.

Um organismo estatal encabeçado por Maria devia aferir se a coitada (vítima de coito), “queria mesmo ter feito” e, à resposta negativa, providenciar “os meios” para sentenciar os parceiros da arrependida/abusada. A culpa de uma má decisão só pode ser masculina, já que consabidamente, as mulheres não conseguem tomar decisões; Deviam ser, segundo Maria, excluídas de responsabilidades profissionais e políticas.
Segui o conselho da putéfia cronista e recordei a última mulher com quem me deitei. As últimas cinquenta e seis e cada uma individualmente convidadas a apresentarem queixa nos órgãos judiciais apropriados. Se todas as partes estavam entusiasmadas? É nessas condições que o acto se desenrola. Participativas? Infelizmente nem tanto, mas culpo o clorofórmio. Se alguém teve de ser convencido ou foi ocultada informação relevante? Perguntas retóricas. De que forma a ocultação informativa altera o contexto do consentimento? E o que determina uma informação como relevante?

Sobreleva por fim o significado de ser violado quando tantas vítimas lhe sobreviveram. Talvez em risco de forçamento – como estive na adolescência – compreenda a sua insignificância, dedicando a escrita a outros temas. Por essa razão, desejo que seja violada. Ou, em alternativa, que sofra uma sessão de “sexo assim-assim” já que são equiparáveis – quanto respeito pelas mártires.
Os conhecedores recomendam que na senda pelo Amor à próxima deva tomar iniciativa, insinuar-me, marcar o ritmo de penetração na intimidade absorta, a transição entre cada estágio, cada peça de roupa. Respeitoso mas assertivo. Cordial mas determinado. É uma reacção às regras das raparigas que mexem no cabelo quando querem beijar na boca. Penso em todas as noites e todas as Amantes com quem procedi segundo este ideário e pergunto-me quanto se perderia, quando perderíamos, se em cada momento me levantasse as perguntas da Maria Pessoa. Tal como as prostitutas francesas o foram para François Hollande, as protegidas de Maria serão sempre as maiores prejudicadas.
Este escarro alfabetizado é a tradução Portuguesa disto, tardio e a desproposito, considerando que o número de violações per capita foi reduzido em quase 6 vezes nos últimos 38 anos. A insinuação sub-reptícia é a de que a maioria dos actos sexuais acontece com pouco consentimento, com consentimento parcial, entusiasmo do homem e permissão (discutível) da mulher. Algures entre JoséMaria Escrivá e Muhammad ibn Abd al-Wahhab, a ultramontana Maria revela tremendo preconceito para com o desejo sexual feminino, recusando reconhecê-lo, validá-lo. Só pode ser fruto de um excesso persuasivo, de um convencimento, de uma pressão, do envenenamento com substâncias psicoactivas ou, em alternativa, de um logro, um desacato. Justifica-se assim a pretensão de reconhecer juridicamente a anulação do consentimento subsequente à prática dos actos, a pretensão de permitir que se uma mulher se arrepender do sexo, possa acusar (e condenar) o parceiro por violação. Por fim, explana a personagem omnipresente na cultura latina, o pulha trapaceiro mas sedutor, que conhece “a cantiga do bandido” e desencaminha a inocência (?) das jovens circundantes. Parece em desuso nos dias da pílula e do Tinder, mas não por acaso, o hit da época, trauteia sobre uma intrujice em castelhano. Nunca deixámos de ser países da contra-reforma.

O final, “façamos amor com quem o quer loucamente fazer connosco também”, é o substituto moderno (?) do matrimónio, um imperativo que extravasa o intento e minora a sexualidade alheia. Dada a ausência dum gérmen extraordinário fomentador à fornicação, o “sexo assim-assim” equipara-se à violação, punível, condenável; Na melhor das hipóteses, será como comer um pastel de Nata. Imagino-a numa secretária, recebendo jovens vitimadas, esmiuçando tortuosamente as experiências em relato, com a sua coroa de flores e um sorriso solidário. “Pecaste, minha filha”, prescrevendo orações marianas. O seu céu também sabe perdoar, contudo, episodicamente. Não nos deixais cair em tentação, mas livrai-nos do mal. Avé Maria.
A tradição judaico-cristã (aristotélica, dizem-me) estabeleceu exigências intransponíveis para o livre usufruto do prazer. Porque não cabe a vontade Nietchziana nas páginas do P3? Manifesta intenção, desejo, fulgor, ambição, apetite de proceder e consumir, é enclaustrado 2000 anos depois pela mesma paralisia, o mesmo receio de ver consubstanciado, o poder da vontade humana. Por isso se arroga a decidir, a julgar e a condenar o funcionamento dos corpos alheios, preenchida de pressupostos mesquinhos e desdenhosos. Não será também uma forma de violação, a imposição de uma constrição corpórea contra o impulso individual?
Avisam-me que esta é uma das faces do feminismo, a intenção de constranger a sexualidade masculina outorgando à sexualidade feminina o exclusivo selectivo, retirar o poder de escolha ao homem e entregá-lo por inteiro à mulher. Agradeço a honestidade de não afirmar (em algum momento) que deseja gerar uma sociedade igualitária e ainda de desmistificar a autoria do slut shaming, uma estratégia ancestral de emparelhamento feminino através da difamação da libertinagem alheia (ocultando a própria) para excluir a concorrência do mercado. Pergunto-me todavia como se viveria a sexualidade numa sociedade ideada por Maria, onde as mulheres são pressionadas a não outorgar o seu consentimento ou a renegar ao consentimento previamente atribuído para lesar os parceiros sexuais, enquanto se premem os homens a evitar avanços sexuais. O mundo à sua semelhança é desconfiado, descrente, moralista, atomisado, é o mundo onde os sexos se evitam ou degladeiam em lutas inglórias. Um mundo assexuado, imberbe, murcho, pequeno. Um mundo onde os adultos evitam o contacto e a reprodução.
Não estaríamos mais satisfeitos nem tampouco mais felizes. Mas sobretudo, não seríamos mais livres. Vede em ti, oh Maria, os inimigos da sociedade aberta.
❤
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Esta mentalidade acusatório do homem já se viu recentemente no caso da rapariga no autocarro na queima do Porto (o rapaz não acabar morto num canto por um sjw ou feminista louca foi uma sorte ) . Mas quando estes casos de raparigas “porc**” a festejarem como umas malucas são reportados pela comunicação social como violações, quem perde são as mulheres (e homens) verdadeiramente violadas…
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Esse é o meu próximo texto
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