Na mesma cama

Como se pode violar alguém que dia após dia, noite após noite, partilha com o seu abusador o mesmo leito? Não pode. A violação no casamento é um mito feminista, de ataque ao “violador” e ataque ao casamento. É mais um. 

O relógio dita a terceira hora da madrugada, reunião às 8 e ainda não durmo. Estou a cinquenta quilómetros de casa, não ajudam, o sinal da internet é demasiado fraco para me distrair com algo que me possa adormecer. Os lençóis não ajudam. Estou farto de dizer à miúda para os trocar e, mesmo sendo a casa e a cama dela, estarmos a caminho do quarto ano de relação devia dar-me o direito de protestar nestas coisas. A porta da rua fecha, o Pai dela acabou de entrar. Significa que há mais uma pessoa quem eu posso acordar se me tentar escapulir pela madrugada. Vou mesmo ter de ficar a dormir ali, mas não consigo. Puta da insónia. E eu que tenho tanto para fazer.

Podia masturbar-me e talvez me viesse o sono. Mas com uma boneca daquelas ao lado, a masturbação é deprimente. Mas não vou acordá-la, a desgraçada tem de estar às 7:30 no hospital. Deixa ver se isto se faz sem muito estrilho.

Baixo-lhe as cuecas num gesto só.

– O que estás a fazer, murmura entre roncos.

– Cala-te, dorme mas é.

– Eu vou trabalhar daqui a um bocado, deixa-me dormir

– Pois eu não consigo dormir!

– E o que queres que eu faça?

– Não faças nada, fica aí paradinha

– Agora não, tenho de dormir

– Então dorme e não te lamuries que isto demora cinco minutos.

– Não, a sério, eu tenho de… e começa a ressonar novamente. Compasso de espera. Penetro-a devagar. Sinto o corpo a reagir, a vagina a humedecer, enquanto que a coitada intercala o tom, ora de gemido, ora de ressono. Não houve tempo para perfazer as formalidades exigidas pelo Bloco, uma declaração de aceitação em papel timbrado, revista por três notários e mais a Isabel Moreira. E passados os ditos cinco minutos lá fui dormir.

No dia seguinte, a caminho de Lisboa

– Tu ontem à noite, enquanto eu estava a dormir…

Author: Myrddin Emrys

Apaixonado por ciência e política, nesta ordem. Igualitarista obsessivo. Por essa razão, odeia o feminismo e persegue a hipocrisia da Esquerda moderna que abandonou (com requintado desprezo) o combate à pobreza trocando-o pela promoção erótica de marialvas, hedonistas e pervertidos. Sou Português, pequeno burguês. Artista de variedades, compositor popular, aprendiz de feiticeiro.

One thought on “Na mesma cama”

  1. “violações em relações” é das maiores comédias que inventaram para foder os homens. Chega ao ridículo de nalguns países como a França, fazer sexo com a tua mulher é um crime mais severamente punido do que violar uma estranha random na rua… “Indeed since a change in the law in France in 2006, spousal rape is now considered an aggravating circumstance and as such is more severely punished than the rape of a stranger.”

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